Pessoas

Mini Biografia

Viriato Nuno Vidal Lourenço nasceu em Rio Tinto, a 30 de Janeiro de 1967.

O pai chamava-se Viriato Augusto Lourenço, era técnico de contas. A mãe Rosalina Rosa de Jesus Vidal, é doméstica.
Experimentou várias profissões até que decidiu abrir com o irmão João a 112, “uma loja de prendas diferentes“. Vende vários produtos da marca Vespa e Fiat e acredita que isso será um factor de atracção para clientes nacionais e estrangeiros.

“Fiz da minha vida o comércio”

O primeiro emprego que tive foi a ajudar os meus pais numa loja na Rua do Bonjardim. Depois disso fiz uma volta a Portugal em termos de exposições e venda de edições de livros. Fazíamos exposições em Câmaras, escolas, tudo isso. Entretanto, estive algum tempo na loja até os meus pais a fecharem.

Estive um ano à espera da tropa e quando saí, no mesmo dia ofereceram-me emprego e comecei a trabalhar numa loja, uma sapataria e roupa em Sá da Bandeira. Depois, fiquei a gerir a parte de sapataria com as compras e com toda a envolvência que era necessária. As pessoas confiavam em mim. Depois disso, passei para a parte comercial mais de rua e comecei-me a envolver-me um bocado com artes gráficas, com algumas noções que eu tinha de ter estudado em Soares dos Reis. Comecei a desenvolver algum gosto pela parte comercial de rua e de partes gráficas. Trabalhei como comissionista para uma empresa de etiquetas e de embalagens e daí fui passando por várias etapas e por várias experiências.

Trabalhei também com televisão, vídeo e hi-fi. Fiz um bocadinho de tudo, experimentei várias coisas até chegar a este momento e envolver-me na criação duma própria empresa.

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Rua

“Tem sol de manhã à noite”

Na Rua das Flores, vínhamos fazer as compras para casa, aos armazéns que existiam, alguns ainda existem. Da Rua Mouzinho da Silveira, não tenho assim muito conhecimento, mas era mais uma zona de transitários, de grandes empresas de transportes, tudo isso. É a ideia que eu tenho mais concreta da rua.

De resto, compras para Mouzinho acho que nunca chegámos a vir fazer, era mais na Rua das Flores.

As principais mudanças nestas ruas são o abandono total dos comércios e a mudança dos hábitos das pessoas. A rua deixa de ter interesse, não há nada na rua que chame a atenção, não há inovação nenhuma, há muitas coisas abandonadas e as pessoas desistem completamente. Só uma loja que chame muito a atenção e que tenha clientes fiéis é que chama as pessoas de volta a esta rua. De resto, está um bocado ao abandono nas mãos dos poucos comerciantes que existem.

Na minha opinião, isto é cíclico. Há um crescimento, as coisas nascem a partir do rio e todas as cidades, segundo a história, vão crescendo e vão alargando. Mas a população não aumenta. Vai-se distribuindo toda a capacidade comercial da zona para outros espaços e acaba por existir o abandono nos centros das cidades.

Vão-se espalhando, as pessoas começam a ter certas coisas perto de casa como os centros comerciais e não têm atractivo nenhum para se deslocarem ao centro para fazer as compras.

De resto, era necessário limpeza. Pelo menos, dar outro ar aos espaços que estão fechados, isolá-los, fechá-los, pintá-los, tornar a rua um bocadinho mais agradável. Depois, é muito lixo. Como está abandonado, as pessoas, em vez de pousarem o lixo na rua nos sítios próprios, pousam facilmente numa entrada de um prédio. Estando abandonado transforma-se numa lixeira. Limpar seria das principais coisas.

Há tanta coisa para fazer, mas o principal seria reabilitar os espaços, ou pelo menos torná-los mais limpinhos. Às oito da noite, ou mais cedo no Inverno, a rua fica deserta. Tem muito pouca luz e com casas abandonadas de um lado e de outro, torna-se uma zona que ninguém gosta de passar. Passa porque é obrigado. Por isso, precisaria de mais luz e limpeza dos edifícios, pelo menos.

O que esta rua tem de melhor é ser uma das principais de acesso ao centro. Em termos de visibilidade, poderá ser muito boa. Em termos de posição solar, é óptima, é uma das ruas do Porto que apanha mais sol: tem sol quase de manhã à noite. É uma rua bonita, se as coisas estiverem limpinhas.

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Lugar

“Pouco mudou a cidade do Porto”

Pouco mudou a cidade do Porto. O conhecimento que nós tínhamos, na altura, não era assim muito grande. Vínhamos dar uns passeios, às compras, mas tínhamos muito com que nos entreter nas redondezas, muitos espaços verdes que acabaram por deixar de existir. Uns foram crescendo, felizmente, outros foram desaparecendo. Ali na Avenida dos Aliados perdemos um espaço verde.

Nós não vínhamos propriamente passear. Para nós é que era um passeio, porque saíamos da rotina, de estarmos sempre a brincar nos espaços verdes que existiam, as chamadas bouças, onde andávamos a jogar à bola, e a andar de bicicleta. Rio Tinto era relativamente distante, quando éramos miúdos. Seria mais o vir às compras aos armazéns da Rua das Flores, que eram os principais abastecedores da roupa. Na altura, vínhamos todos em família. Foram hábitos que se foram perdendo.

Vínhamos visitar o meu pai que estava a trabalhar em Sá da Bandeira e passávamos a hora de almoço em família. Fazíamos as compras para casa e íamos embora. Na altura, vínhamos de trolley.

Continuam a fazer a mesma linha, mas não no trolley, o famoso trolley de dois andares. Na cidade, circulávamos a pé normalmente. O centro da cidade ainda era mais pequenino na altura. Estava tudo mais centralizado e fazia-se tudo a pé.

Também não existia a rede de transportes que existe neste momento. As pessoas deslocavam-se mais a pé, o que também era uma vantagem, porque acabava-se por conhecer mais lojas e tudo isso. Mas esse espaço todo desapareceu. O comércio todo nesta zona terá sofrido o impacto da Avenida dos Aliados ter tido as transformações que teve. Mas não acho que seja uma consequência directa. Acho que são mesmo os hábitos comerciais que se foram perdendo.

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