Pessoas

Mini Biografia

João Manuel Vidal Lourenço nasceu em Rio Tinto, Gondomar, em 1962.

Tirou o curso Comercial Geral de Administração e Comércio em Gondomar, e mais tarde “estudei à noite, Design Gráfico, na Escola Soares dos Reis, no Porto“.

Com o irmão Nuno abriu a 112, uma loja gift com um conceito diferente e arrojado “foi quase uma escapatória e um atrevimento de negócios vir para uma área antiga, com coisas muito novas, muito modernas“.

Tem nos dois filhos os seus mais jovens conselheiros de mercado.

“Primeiro emprego foi em contabilidade”

O meu primeiro emprego foi na área da contabilidade. Cheguei, por várias vezes a trabalhar com o meu pai umas directamente, outras indirectamente.

O meu pai era contabilista e eu tirei também o curso de contabilidade em Gondomar, portanto havia sempre trabalho para todos na altura. Em matéria de trabalho estive sempre muito ligado ao meu pai.

Comecei nessa empresa que o meu pai adquiriu, comprou uma quota comercial e também era um desses armazéns antigos aqui no Porto na Rua do Bonjardim (Eugénio & Costa Limitada). Comecei a trabalhar na área da contabilidade e no balcão, fazia de tudo e cheguei a ser gerente da casa. Depois percorri várias empresas distintas mas sempre ligado à área da contabilidade, e escritório comercial.

Trabalhei muitos anos na área da contabilidade, deixei de trabalhar nessa área há coisa de cinco anos, tenho 46 e comecei por volta dos 16,17 anos.

Vontade de querer mudar de vida

Esta empresa foi fundada comigo e com o meu irmão, foi um bocado resultado de querer mudar de vida, de largar um pouco a contabilidade. A minha vocação foi sempre desenho e as artes, quando trabalhava na área da contabilidade fiz à noite o curso de Design Gráfico na Soares dos Reis. Gostei sempre da área de decoração, de desenho, criatividade, dessas coisas e cheguei a uma altura da minha vida que me cansei da contabilidade porque era um trabalho muito monótono, fechado dentro de quatro paredes, de manhã à noite.

O desenho levou-me a fazer uma coisa, a fazer a minha empresa. Eu para início de vida dessa empresa comecei ainda a fazer escritas de contabilidade para suportar o meu ordenado, para ter meios de viver, porque já estava casado na altura, já tinha um filho, a esposa ainda não trabalhava, estava a começar.

Eu fiz esta empresa junto com o meu irmão, ele é mais da área comercial, foi vendedor quase toda a vida, comissionista, então fizemos uma brincadeira. Saímos aqui do país, fomos a Madrid, comprámos uma colecção ao nosso gosto, na altura de acessórios de moda: canetas, carteiras, coisas assim. Experimentamos aqui no mercado nacional com os conhecimentos dele, com os meus, com gosto e resultou. De uma brincadeira fomos por aí fora, sempre a arranjar colecções novas, depois saltamos para Itália, para Alemanha e foi assim.

Rua

“Uma rua histórica, numa cidade histórica”

Tanto eu como o meu irmão somos uns apaixonados do Porto, quem não é? Já há muitos anos quisemos vir aqui para esta zona, mas ainda estava muito fechada, muito escura, muito esquecida. As pessoas abandonaram o Porto, sabe-se lá porquê, o Porto ficou sozinho, escuro, desabitado, sem gente.

Viemos para aqui, porque gostamos muito desta loja e procurávamos um espaço interessante aqui na Ribeira, que fosse um bocadinho, sei lá, diferente de tudo e é.

“Nesta rua faz falta mais comércio, faz falta mais gente”

Nesta rua faz falta mais comércio, faz falta mais gente, falta viverem pessoas aqui para existir comércio local. Novas pessoas ou pessoas novas, mas principalmente que a habitação aqui seja melhorada, seja habitável novamente.

Acho que é isso que faz falta, carros já temos, ruído também, acho que poderiam melhorar um bocadinho a nível de luzes da rua. Embora seja simpática esta iluminação que existe no Porto, mas acho muito escura, acho que afugenta um bocadinho, ainda é um bocadinho o fantasma daquela cidade, da Ribeira antiga e perigosa. Deviam fazer algo mais no aspecto, no ponto de luz principalmente enriquecer um bocadinho mais esta zona, que todos ganhávamos.

Como pontos positivos nesta rua temos a estação de São Bento, temos o rio, basicamente essa conjugação. O turismo ou cai aqui no rio ou vem para o rio e depois regressa de comboio, ou de metro, penso que o facto de estar aqui a estação e de ser a rua principal entre a estação e o rio é a mais valia desta zona, desta rua.

Pontos negativos há vários. Acho que a limpeza, ainda não é eficaz. Mas aí o problema também são as pessoas que também ainda não são limpas.

A ideia que eu dava para dinamizarem esta zona era limparem isto, colocarem mais luz à noite e acho que era suficiente para as pessoas descobrirem aqui um atractivo maior, conjuntamente com a reabilitação de habitação e de incentivos para outros comércios. Digamos o que falta a esta rua que já tem muita vida é realmente vida dentro dos edifícios, temos vida na rua mas temos edifícios vazios, devolutos.

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Lugar

“Desde miúdo convivi sempre com o Porto e no Porto”

Desde sempre vim com o meu pai ao Porto. Desta zona, é inevitável, recordo-me do rio, da ribeira e do escritório do meu pai que era ali por cima do café da Brasileira, em Sá da Bandeira. Portanto desde miúdo convivi sempre com o Porto e no Porto.

Na altura parecia-me tudo mais limpo. As pessoas, as lojas, o comércio era diferente. Estamos a falar à coisa de 30 e muitos anos perto de 40, era muito diferente do que é hoje.

Praticamente turismo não se sentia, não havia esse impacto de hoje. Era uma visão infantil, eram outros tempos, mas parecia-me que andava toda a gente de fato, toda a gente muito bem aprumadinha, quando se saía à rua havia o máximo de cuidado, muita educação, muito sossegado…era diferente, muito diferente mesmo. Não quer dizer que hoje seja pior, mas diferente acima de tudo.

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