Esta é uma zona que morreu, porque aqui há pouca gente a morar. Há aquela passagem de vir ao Porto, mas as noites são um pavor. Eu sou da altura em que se vinha à noite ao cinema, vinha mais a mulher, em qualquer altura e não havia perigo, a pessoa andava à vontade. Os cinemas agora fecharam, agora há os centros comerciais, têm boas salas de cinema e têm segurança. Agora andar aí na cidade à noite é muito perigoso.
Para dar mais movimento, deviam conseguir repovoar isto novamente, eles estão a recuperar as casas, mas lentamente. Vamos a ver, isto vai demorar uns anos largos até conseguirem. A pessoa que saia daqui e pague uma renda barata, que seja realojada, quando for para voltar não vem pagar a mesma renda. Além disso os prédios aqui não têm garagem, as pessoas se tiverem um carro, têm que o deixar ficar na rua, não têm condições, isso conta muito.
Aqui nesta Rua de S. João, era quase tudo armazéns de mercearia, armazenistas e hoje não há quase nenhuns. Aqui na Rua Mouzinho da Silveira também havia alguns e havia na Rua das Flores muitas casas de malhas e miudezas. Em Mouzinho também havia algumas, fechou tudo ou quase tudo, há uma, duas ou três. Depois há uns anos começaram a aparecer os chineses e indianos, mas o negócio mesmo para eles já não deve estar como estava, de certeza, já não devem vender aquilo que vendiam.
A Rua do Loureiro, em tempos, era um mundo de lojas de electrodomésticos. Era preciso estar na porta à espera para entrar, era assim naquela altura, porta sim, porta não, havia casas dessas. Electrodomésticos e oculistas era o forte, agora a coisa também está muito mal. Os Clérigos já não são o que eram no negócio, a Rua 31 de Janeiro a mesma coisa, em Santa Catarina ainda há muito movimento, mas de certeza que já não é o que era.