Pessoas

Mini Biografia

António Teixeira Moreira nasceu a 5 de Novembro de 1955 em Constance, Marco de Canavezes.

Chega com 15 anos à Guimarães & Torcato “nessa altura, era capaz e o que fazia era separar encomendas, e levar encomendas a uma corrida de camioneta“. Foi evoluindo na carreira, ate´que em 1983 se tornou um dos sócios. Por ser o mais novo na sociedade “comecei a ver as colecções, os negócios, a despachar, a dar uma dinâmica à empresa“.

Hoje abraça um novo desafio: o contacto directo com os clientes.

“Sem estudar e sem formação, o nosso campo de escolha não era muito”

Eu estive quatro anos noutra empresa importadora de tabacos, era outro tipo de comércio. Nessa altura eu não fazia descontos para a Segurança Social e comecei a atingir uma idade, os 15 anos, por isso mudei e não estou arrependido.

O meu pai disse-me:

- “Olha não podes continuar aí. Tens de te mexer.”

E vim cá parar, por intermédio de uma pessoa que estava cá a trabalhar e que o meu pai contactou a dizer que precisava de empregar o filho, e pronto vim para esta loja.

Naquele tempo, sem estudar e sem formação para escolher o nosso caminho, o nosso campo de escolha não era muito. As famílias viviam com pouco dinheiro e nós tínhamos de trabalhar, era evidente.

Gostei e aqui estou. Nessa altura, era rapaz e o que fazia era separar encomendas, levar uma encomenda a uma corrida de camioneta. Isto nos primeiros três anos.

Depois veio a tropa e eu estive na Marinha, fiz a tropa normal e regressei em 1978. Os patrões antigos já tinham uma certa idade, eram três sócios e eram pessoas um bocadinho agarradas ao passado. As condições sociais mexeram um bocadinho com eles e com a empresa, notei que havia já um certo cansaço, não que eles não tivessem espaço de manobra, tinham meios para andar mas os dinamizadores da empresa tinham atingido, naquela altura, uma idade e notava-se que não tinham aquela vontade de continuar por várias razões. Ao ponto que em 1983, fez-se uma nova sociedade, na qual eu também entrei e cá estou.

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Rua

“É uma rua com bastante espaço”

Posso falar dos últimos anos, quando vim para aqui trabalhar. Por exemplo, havia muitas mais casas comerciais, mais gente a trabalhar, havia aqui muitos escritórios de despachantes, o que dava outra imagem à cidade.

A Rua das Flores era uma rua com tradições no nosso ramo e no da ourivesaria. Havia muitas cargas e descargas e tudo a trabalhar, empresas altamente activas.

O que de melhor a Mouzinho da Silveira tem é que é uma rua com bastante espaço e as suas gentes. Em termos de circulação a cidade não tem muitas ruas como esta, com este espaço de circulação automóvel. Os passeios podiam estar melhores, mas em termos de fluxo de trânsito é uma rua com movimento, já em termos de pessoas a circular nem tanto.

O lado menos bom é que é uma rua muito velha, com casas muito antigas, algumas a cair. A recuperação está a ser muito lenta e as casas são recuperadas e ficam vazias, porque as rendas são pesadas, sei que a recuperação está a ser feita mas em alguns casos não está ser ocupada como devia ser. Os moradores são poucos, há falta de pessoas a circular, falta de moradores.

“Nós fazemos parte da vida desta rua, nós somos parte activa da rua”

Para melhorar a rua é sempre complicado mas devia ter mais gente a habitar, recuperar as partes mais antigas que estão abandonadas e dar mais vida… Especialmente, para o negócio e para a rua. Mas não é só o negócio, nós fazemos parte da vida desta rua, nós somos parte activa e fazemos parte da história. É evidente que nos preocupa a situação conforme está. É evidente que se tivéssemos mais moradores, tivéssemos mais gente íamos ganhar com isso, nós somos um todo e carecemos de muitas situações: falta de gente, falta de mais espaço de comércio, tudo isso.

Lugar

“Era uma cidade mais agitada em termos de pessoas”

Eu vinha à cidade do Porto passear com os meus pais ou a uma consulta médica. Na altura era uma cidade mais agitada em termos de pessoas. Eu acho que a cidade nos últimos anos perdeu muito. A começar pelos trabalhadores que deixaram os espaços e isto também se reflecte nos nossos negócios.

Era uma cidade mais agitada, notava-se movimento na cidade, menos carros, mais transportes públicos.

Desde que era criança recordo-me de vir ao Porto algumas vezes e havia mais movimento, havia outra maneira de estar, outra maneira de pensar, de ser e havia mais gente.

“Foram inúmeros factores que contribuíram para a mudança”

Foram inúmeros factores que contribuíram para a mudança. A cidade cresceu para outros lados, as câmaras e os serviços públicos, começaram a limitar algumas cargas e descargas em algumas zonas, alguns armazéns precisavam de mais espaço. Porque, entretanto, desde o 25 de Abril houve uma explosão de mercado e socialmente o país cresceu, não podemos negar isso. As pessoas, até aqui estavam limitadas, o medo limitava as pessoas, e a partir daí as pessoas dispararam, naturalmente, cresceram mais empresas e algumas saíram daqui para abrir novos espaços. Isso em termos de empresas acho que foi um pouco isso.

Em termos de movimento, temos aqui o caso da Alfândega, naquela altura eram precisos os despachantes para importar e exportar e havia uma fixação de escritórios, havia mais gente a laborar. Isso também acabou, e as pessoas também saíram daqui com a saída da Alfândega.

Outro factor grave é o abandono da cidade, ou seja, a cidade é uma zona velha, uma zona histórica e naturalmente as pessoas que cá vivem são pessoas de certa idade. A habitação não foi restaurada e as pessoas saíram. Os novos foram casando e não ficaram aqui, foram todos para os seus espaços e como tal a cidade está nisto.

Para além de nos últimos 10/15 anos haver uma recessão económica, há também o factor envelhecimento da cidade, ou seja, falta gente para aqui viver. Isso é uma preocupação que a Câmara teria que ter atenção para o desenvolvimento da cidade, porque foi um bocadinho esquecida nesse aspecto.

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