Pessoas

Mini Biografia

Maria Helena Girão da Silva Ribeiro nasceu a 17 de Setembro de 1945 em Vilar de Maçada, concelho de Alijó.

Os seus pais chamavam-se Francisco Teixeira Ribeiro e Ana Maria Girão da Silva Ribeiro, tiveram cinco filhos.
Teve um filho, mas o coração falou mais alto e anos mais tarde acabou por criar m menino abandonado com apenas 13 meses.

Começou a trabalhar cedo na costura mas foi através do contacto com os clientes, nas lojas de artesanato, que aprendeu a falar inglês, francês e espanhol.

Divide os seus dias entre a Xafariz Artesanato e a família tentando sempre encontrar o equilíbrio entre ambas.

“Só tinha horas de entrar”

O meu primeiro emprego foi na costura. Ganhava 60 escudos por semana, mas só tinha horas de entrar, não tinha horas de sair. Às vezes, eram 23h e eu ainda estava lá a trabalhar, porque era eu que caseava as blusas. Caseava e ainda caseio muito bem à mão. Cheguei a dormir lá para trabalharmos a noite inteira.

Depois, como na altura era muito fraquita, a minha mãe tirou-me. Mesmo não sendo de cá, arranjei emprego na Camisaria Boémia, na Rua de Santa Catarina. Mas não fui para o balcão, fui para a camisaria logo para as máquinas.

Depois, vim para a camisaria High-Life, que era um pronto-a-vestir de senhora e de criança e também camisaria. Lá, as camisas eram muito compridas e a maior parte das pessoas tinha os braços curtos. A gente tinha que cortar a manga da camisa para entregar ao cliente.

Ofereceram-me melhores condições numa casa de artesanato na Rua dos Clérigos, no Fernando Dias dos Santos, na Casa dos Xailes e aí me mantive 20 anos. Trabalhávamos com ranchos folclóricos e ao mesmo tempo com turismo.

Aí era muito movimento, vendia-se e as pessoas compravam. Tinham poder de compra. Entretanto, apareceu-me aqui esta lojinha e vim para aqui.

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Rua

“Isto está totalmente deserto”

Actualmente, de bom não vejo nada aqui na rua. Durante o Verão, o turismo é a única coisa de bom que isto tem. De resto, durante o ano, não havendo turismo não se vê ninguém. A um sábado ou a um domingo isto está totalmente deserto. Desde o cimo até lá em baixo, é uma escuridão…

“Esta rua era muito boa”

Antigamente, enquanto não apareceram os chineses, nem os indianos, havia muito negócio. Esta rua era muito boa quando eu abri há 20 anos, muito boa mesmo. Eu não vivia só de turismo, porque os moradores daqui também compravam. Começaram a aparecer os primeiros chineses, começou a cair o negócio.

Mas não foi só por isso. Dantes havia aqui os transitários. A partir do momento que os transitários acabaram, a Rua Mouzinho da Silveira acabou também. Depois, quando veio o euro, quanto a mim, também piorou. Nos primeiros tempos, era aquela satisfação, porque até se deixou o escudo para o euro. Mas com o euro, antigamente ia-se a qualquer lado e tomava-se um café por 50 escudos. Hoje é 50 cêntimos, que são 100 escudos. Portanto, tudo mudou para o dobro. Os jovens não podem avaliar isso, mas nós, que já cá andamos há muitos anos, sentimos isso. Eu acho e a maior parte das pessoas tem a mesma opinião que eu.

Depois, o que é que acontece? Os prédios foram-se degradando, começaram a fazer os bairros sociais, tiravam as pessoas do centro da cidade para levar para os bairros e acontece o que se vê. Isto está desertificado, não está aqui ninguém, não mora aqui ninguém. As lojas é o que se vê. Parte delas estão fechadas.

O que é que tem isto aqui de bom? Não tem nada. Nós na Baixa tínhamos aquele jardim lindíssimo. Acabaram com o jardim, fizeram ali uma pedreira. Aquilo não tem graça nenhuma, não chama a atenção de nada. As pessoas vinham pelo jardim, porque era lindo. A Baixa portuense está muito degradada e é uma pena, porque é muito bonita.

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