Actualmente, de bom não vejo nada aqui na rua. Durante o Verão, o turismo é a única coisa de bom que isto tem. De resto, durante o ano, não havendo turismo não se vê ninguém. A um sábado ou a um domingo isto está totalmente deserto. Desde o cimo até lá em baixo, é uma escuridão…
Antigamente, enquanto não apareceram os chineses, nem os indianos, havia muito negócio. Esta rua era muito boa quando eu abri há 20 anos, muito boa mesmo. Eu não vivia só de turismo, porque os moradores daqui também compravam. Começaram a aparecer os primeiros chineses, começou a cair o negócio.
Mas não foi só por isso. Dantes havia aqui os transitários. A partir do momento que os transitários acabaram, a Rua Mouzinho da Silveira acabou também. Depois, quando veio o euro, quanto a mim, também piorou. Nos primeiros tempos, era aquela satisfação, porque até se deixou o escudo para o euro. Mas com o euro, antigamente ia-se a qualquer lado e tomava-se um café por 50 escudos. Hoje é 50 cêntimos, que são 100 escudos. Portanto, tudo mudou para o dobro. Os jovens não podem avaliar isso, mas nós, que já cá andamos há muitos anos, sentimos isso. Eu acho e a maior parte das pessoas tem a mesma opinião que eu.
Depois, o que é que acontece? Os prédios foram-se degradando, começaram a fazer os bairros sociais, tiravam as pessoas do centro da cidade para levar para os bairros e acontece o que se vê. Isto está desertificado, não está aqui ninguém, não mora aqui ninguém. As lojas é o que se vê. Parte delas estão fechadas.
O que é que tem isto aqui de bom? Não tem nada. Nós na Baixa tínhamos aquele jardim lindíssimo. Acabaram com o jardim, fizeram ali uma pedreira. Aquilo não tem graça nenhuma, não chama a atenção de nada. As pessoas vinham pelo jardim, porque era lindo. A Baixa portuense está muito degradada e é uma pena, porque é muito bonita.