“Sabia bem do que estava a fazer”

Decidi arriscar e abrir esta loja, porque eu era muito competente e sabia bem do que estava a fazer. Se eu olhava pela casa dos outros, também conseguiria arriscar para uma coisa minha. Mas fiquei muito assustada quando vim para aqui, porque isto estava tudo a cair. Era água por todos os lados. Era muito velha!

Quando entrei aqui, fiquei decepcionada. Ia desistir, mas depois pensei:

- Não. Já que dei este passo agora não desisto. Agora vou continuar.

Falei com o meu marido e ele disse:

- “Olha, vamos arriscar.”

Ele tinha um amigo empreiteiro. Fez-me orçamento e na altura gastei 900 contos para pôr esta casa bonita. Fiz a casa muito bonita, na altura, mas passado uma semana, apanhei uma desilusão, porque no dia da inauguração chovia aqui.

A água vinha do prédio de cima. Chorei, fiquei tão triste… Mas a partir daí a vida foi rolando. Isto foi há 20 anos. A renda era muito convidativa e o senhorio não apodia aumentar. Portanto, fiquei por cá e fiquei muito bem e aqui me mantenho.

Xafariz Artesanato

O nome da loja é Xafariz Artesanato. Fica na Rua Mouzinho da Silveira, 274. Escolhi este nome, precisamente por causa do chafariz daqui. Tinha um tanque, não sabia que nome é que havia de dar à loja, achei interessante pôr o nome “Xafariz”.

Agora, abro às 9h. Não fecho à hora de almoço, só às 19h. Está aberto inclusive ao sábado e ao domingo.

Hoje, estou um bocadinho cansada, porque são muitos anos de balcão.

Comecei a trabalhar com 15 anos e agora tenho 62. Portanto, estou um bocadinho cansada, mas gosto. Eu acho que toda a gente devia fazer aquilo que gosta, porque não há nada que chegue a uma pessoa estar a vender uma peça qualquer e gostar do que está a fazer. Quando vêm cá pedir para fazer um traje, eu escolho os tecidos e já estou a ver o traje feito. Mas para isso a gente tem que ter gosto. Temos que gostar do que fazemos e hoje não acontece isso. É uma área que dá dinheiro, vai-se para ali, aquela não dá, vai-se para outro lado. Procura-se muito o que dá dinheiro, quer tenham vocação, quer não. Não é o meu caso. Mesmo hoje continuo a ter gosto por aquilo que faço.

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1 comentário

  1. Ireneu diz:

    Não sei identificar a Senhora que se aventurou assim na vida profissional, mas se é quem eu penso, digo bravo, e que Deus te permita acabar a aventura com felicidade e saude.

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