Maria Isabel Coimbra Luz nasceu numa freguesia de Viseu, em 1950.
Aos 9 anos vem estudar para o Porto “uma tia, minha madrinha que mora no Porto, trouxe-me e eu nunca mais de cá saí.” Tornou-se engenheira, mas “ia acompanhando o meu marido e o meu sogro nas deslocações que eles faziam no âmbito das avaliações e dos leilões” que as Galeria da Vandoma promoviam. Actualmente é o braço direito da filha Ana, gestora das Galerias.
Tem muito orgulho em pertencer a uma família ligada às antiguidades “creio que o avô do meu sogro já tinha sido avaliador do Reino, no tempo da monarquia.”
Espera que a Rua Mouzinho da Silveira se torne “um pólo de atracção, tendo uma oferta consolidada em objectos de arte.”
Estudei Engenharia e a minha primeira experiência profissional foi nessa área, logo no ano em que casei. Entrei numa família cuja actividade era as antiguidades. Tive o privilégio de conhecer o meu marido e pertencer a esta família que muita alegria me deu. Ao mesmo tempo que exercia a minha actividade ia acompanhando o meu marido e o meu sogro nas deslocações que eles faziam no âmbito das avaliações e dos leilões.
Nos leilões era eu que fazia a parte de facturação. Isto acaba por ser um pouco o bichinho que nos vai cada vez mais ligando a este sector de actividade.
É um sector cheio de reconhecimento que não se esgota numa sessão, num dia. Permanentemente aparecem coisas que nós desconhecíamos, que temos de pesquisar e que temos de aprofundar e isso dá-nos uma sede de saber.
Quando o meu marido partiu em 1999 e o meu sogro também, ficámos num impasse. O que é que íamos fazer? Mas era impossível não abraçar também este “vício” porque realmente é uma paixão. É outra forma de cultura, são coisas que nos entram pela casa dentro, pelos olhos dentro, pelo coração dentro. Passei a estar ligada de uma forma mais activa quando tivemos de tomar a decisão e, nas partilhas, ficámos com a casa. Era a grande paixão do meu marido e não me sentia muito bem se na altura não tivesse lutado por ficar com a casa.
Na loja estou mais para dar o meu apoio à Ana. Ela é que é verdadeiramente a alma desta casa. Dou-lhe o apoio necessário, mas efectivamente ela é que é o grande motor, ela é que toma as iniciativas, é que faz os contactos. Eu estou um pouco à retaguarda, mais a ajudá-la naquilo que ela necessita. Eu sou, digamos, a outsider. Eu faço as avaliações, colaboro com ela mas efectivamente ela é que é a líder nesta actividade.
Os conhecimentos neste sector e nas avaliações foram adquiridos por experiência, foi no terreno e depois naturalmente, aparecem coisas novas, os autores podem ser desconhecidos, então eu vou pesquisá-los. É esta parte que eu gosto nesta actividade, é a pesquisa. Quando eu saio da casa onde estou a fazer o serviço estou completamente esgotada. Mas é a parte que me dá mais interesse.
Venho sempre a “cantar o hino”. Não é uma actividade nada monótona, se fosse eu não gostaria. É exactamente ao contrário. Todos os dias há coisas novas. É desafiante. Não é lucrativo mas é desafiante.