A empresa chama-se Galerias da Vandoma, Comércio de Antiguidades e Leilões. Está situada na rua Mouzinho da Silveira, 175 a 183. E aqui temos a nossa actividade mais de comercialização de produtos. Fazemos também alguns leilões.
A sociedade foi formada em 1974, ainda que o meu sogro já estivesse ligado à actividade antes disso. Esta casa é anterior a 1974 mas a sociedade foi constituída em 1974 e neste local. O meu sogro fez uma sociedade com os filhos, portanto, o meu marido e a irmã, o meu marido faleceu em 1999, em Março, e o meu sogro, nesse mesmo ano, em Outubro. Foi um cataclismo que aconteceu nesta casa. Na altura, ficámos um bocado sem saber o que fazer, porque eu tinha a minha actividade própria, mas no fundo, nós somos muito sentimentais. Toda esta actividade para nós é muito emocional, pela ligação que havia dentro da família.
A Ana, que é a minha filha e que é a sócia-gerente desde essa data, tinha acabado o curso de Gestão do Património, da ESE e então porque não? Com o conhecimento dela porque não nós retomarmos isto? Até porque não íamos partir do zero. Eu acompanhava um pouco a actividade, já havia muitos anos, não de uma forma permanente mas um bocado descontinuada, então pegámos nisto e continuámos a tentar que sobreviva.
Ainda bem que há alguém que está a pensar num projecto para chamar a atenção das pessoas para o que existe aqui na zona, porque tem sido com alguma teimosia que temos mantido aqui a actividade.
Os leilões, se calhar estamos um bocado antiquadas mas gostamos de os fazer no local onde as peças existem, nas casas. As pessoas sentem mais, vivem mais o leilão porque há peças que eu posso colocar na loja e elas ficam deslocalizadas, pode acontecer de alguém até achar a peça interessante mas não ver bem como a vai pôr em casa. Quando estão no seu ambiente natural, a percepção da transferência da peça para a habitação de outras pessoas é mais notória, sentem mais como podem usar aquela peça no seu próprio ambiente.
Para se fazer um leilão a primeira fase é a de inventariação, ou seja, a catalogação das peças e a atribuição de um valor a essa mesma peça. São estabelecidos preços base de licitação, preços esses que o cliente tem de aceitar, mas os preços de base são sempre sob a nossa responsabilidade. Se o cliente aceita esses preços, as peças são etiquetadas. Há uma listagem com o preço das peças, há um período de exposição e depois o leilão começa a partir desse valor que cada peça tem. E vai até ao preço final de arrematação.
A empresa de leilões pretende vender o mais possível daquele espólio, pretende satisfazer os interesses do cliente, do vendedor, mas também pretende defender os interesses do comprador. O comprador é naquele dia e será noutras ocasiões também. O pregoeiro, neste caso, é o fiel da balança. Põe um produto no mercado que sabemos que tem um preço que é competitivo e o preço final é feito por quem está na sala.
Um ou dois dias antes do leilão, os objectos que vão ser leiloados estão expostos e é divulgada essa acção para que as pessoas interessadas possam ir ver, mexer, tocar, apreciar essas peças, porque no momento do leilão já não têm essa oportunidade. Ele decorre com alguma velocidade, e portanto, a pessoa deverá ver antes se aquilo que vai licitar é do seu interesse ou não. Às vezes, há peças que nós pomos um preço que considerámos que é o valor do mercado mas de repente porque aparece mais do que um coleccionador na sala, disputam aquilo até ver quem fica com ela, e já tem acontecido o valor dela atingir dez vezes mais o valor de base. Se a peça vale aquilo, vale para quem pagou mas resultou de uma disputa entre coleccionadores.
A licitação fazemos com uma placa. Quando esta casa começou era sem placas porque era um menor número de pessoas a comprar. Compravam muito mas era em menor número. Era mais fácil conhecê-las e não é que se dissesse o nome, vai para o senhor Pereira ou o senhor Silva, mas há um anonimato assim e as pessoas sentem-se melhor.