Quando vim para esta casa, a rua não era tão barulhenta. Era uma rua mais bem frequentada, tinha gente de outra classe social. Lojas, até eram muito variadas, eram lojas de ferragens, lojas de sementes, havia uma loja de santos lá ao fundo que também acabou, lanifícios e via-se bastante gente a pé. Agora vê-se é muitos carros, muita gente de carro.
Agora dá-me impressão que há pessoas que têm receio de vir para aqui, há um estigma qualquer talvez porque houve um período de droga muito forte e as pessoas ficaram com receio de vir frequentar a Rua Mouzinho.
E também uma das razões porque a minha rua está em crise são os carros que param e os clientes dizem:
- “Dona Luizete, não posso ir aí à sua loja, porque compro uma peça e levo uma multa. Portanto, a peça fica-me cara.”
Desistem e não vêm. Tenho perdido muitos clientes, porque param o carro e, como eles dizem, é caça à multa. Está lá o polícia para multá-los. A minha casa tem sofrido por esse factor. Só a Câmara poderia dar um jeitinho, porque o comércio aqui na Rua Mouzinho todo ele é muito afectado. Por exemplo, parar o carro e dar-se dez minutos à pessoa para fazer as suas compras e naquele período de tempo não serem multados. Há pessoas que abusam e que merecem ter uma multa mas, neste caso, seria sim para eles fazerem a sua compra e depois ir à vida. Não seria para estar todo o dia o carro estacionado. Podiam facilitar.
Eu acho que é uma rua bonita, larga, em que os carros têm uma saída enorme, airosa e antiga pela sua história. Mouzinho da Silveira, para mim, é uma das ruas mais importantes e mais bonitas da cidade do Porto, é uma rua de comércio tradicional, que normalmente as pessoas frequentavam, onde gostavam de ser recebidas pelas pessoas, onde eram mais bem recebidos, com mais atenções, com mais reconhecimento.