Na Casa Faria entre Fevereiro e Abril, não deixe de nos visitar e conhecer os recantos curiosos desta casa. Mostrar/Ocultar

Pessoas

Mini Biografia

António Almeida Alves nasceu a 4 de Julho de 1936, em  São Paio, Distrito da Guarda.

Estudou até à quarta classe “chegava-se a esta altura e íamos trabalhar“. Foi trabalhar para o campo e “depois fui para a tropa aos 20 anos“. Quando a tropa terminou foi para o Zaire onde vendia um pouco de tudo.

Já e Portugal comprou a Casa Faria, inicialmente uma mercearia, que vendia 400 quilos de bolo-rei mas, com o passar dos tempos, foi evoluindo, acabando por se tornar uma loja de velharias.

Da terra para o Zaire e depois o Porto

Quando terminei os estudos fui trabalhar na terra. Trabalhava no campo como todas as pessoas. Depois fui para a tropa aos 20 anos. Ao fim da tropa fui para o Zaire. E depois no Zaire é que lá ganhei uns tostões, com esses tostões e com a ajuda dos meus sogros e dos meus pais, que também viviam razoavelmente, é que eu comprei a mercearia.

No Zaire trabalhava no comércio, só que não era um comércio destes. No comércio a gente podia vender tudo menos ouro e diamantes. Era a única coisa que estava fora do alcance do comerciante. Mas lá podia-se fazer tudo. Podia-se vender roupa, camisas, calças, arroz, feijão, quer dizer tudo. Aqui cada loja dedica-se à sua especialidade.

Depois vim para o Porto, fomos expulsos do Zaire, em 1974, e surgiu a ideia de vir para aqui. Havia aqui um indivíduo que era lá de perto da minha aldeia, que conhecia o indivíduo que aqui estava e perguntou-lhe se ele queria vender a casa, trespassar a casa e como o indivíduo tinha uma certa idade, disse-lhe que sim. Eu depois vim cá, fiz negócio com ele e tomei conta da casa. Isto no fim de 1974. Foi quando abri, faz agora 35 anos, em Novembro.

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Rua

“É uma mortandade”

Da Rua Mouzinho da Silveira lembro-me que estavam duas casas de balanças, fecharam as duas. Estava uma casa de miudezas, de linhas, de botões, chegou a ter quatro empregados, hoje está lá outro ramo. Aqui onde era a Aliança das Malhas chegou a ter 11 empregados. Eu contei-os uma vez antes de entrarem para a loja. Desses 11 fugiu tudo, só lá está o patrão e a patroa. Portanto, isto quer dizer que a rua foi diminuindo devido às grandes superfícies, o negócio foi diminuindo, diminuindo, estão ali dias inteiros, eu passo para baixo e para cima e não há lá ninguém. E quem diz eu, diz toda a gente.

Quando eu aqui cheguei, há quase 35 anos tinha uma vida como tem hoje a Rua Santa Catarina. Havia aqui a coisa dos vinhos, era sempre gente a passar para baixo e para cima. Isto era um corredor de gente todos os dias. Agora tem dias que a gente chega à porta e não vê ninguém na rua. Não se vê ninguém. É uma mortandade. O que fez isso foram as grandes superfícies que tiraram o negócio todo aqui e nós aqui ainda temos um ramo que as grandes superfícies ainda não deitaram mão. Quando eles deitarem a mão neste ramo então é melhor “darmos um tiro na cabeça e fugirmos para o Egipto”.

Estacionamento proibido

Uma das coisas que tem contribuído para este estado é a polícia e as multas porque muita gente quer vir à minha loja, quem diz à minha diz a muitas mais, e, muitas vezes, a polícia anda escondida atrás dos carros e quando o carro estaciona estão logo a multar. O polícia devia dar cinco ou dez minutos. Determinar prazos, dez no máximo ou 15 minutos. Porque o indivíduo entra numa loja compra umas calças e vai-se embora. E o polícia está aí escondido atrás de qualquer coisa e mal o cliente encosta o carro, vai além, volta para cá, quando chega já tem a multa. As calças em vez de ficarem por 30 euros, ficam por 60 ou 120.

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