Na Casa Faria entre Fevereiro e Abril, não deixe de nos visitar e conhecer os recantos curiosos desta casa. Mostrar/Ocultar

Casa Faria

A minha loja é a Casa Faria, número 237 da Rua Mouzinho da Silveira. Chama-se Casa Faria porque foi feita uma constituição em acta entre várias pessoas. Isto é uma sociedade por quotas. Faria era um dos sócios.

Esta casa tem tantos anos quanto eu. Eu tenho 73 anos, portanto, esta casa foi fundada há 73 anos, precisamente. Eu já li nos livros que foi fundada quase na mesma altura em que eu nasci.

Tem uma diferença pequena, eu nasci em Julho e isto parece que foi em Agosto.

Mudança de ramo

Quando tomei conta desta casa era uma mercearia, depois nós é que mudámos de ramo.

Naquela altura, quando tomámos conta da casa, ainda fiz muito negócio, cheguei a vender 400 quilos de bolo-rei

Para tudo também é preciso um bocado de sorte e, às vezes, de olho aberto.

Calhou que quando estávamos já em aflição, já não vendíamos, veio para aqui um indivíduo de Barcelos, para ali em frente ao fontanário, vender coisas lá de Barcelos, coisas que ele tinha comprado em stock. Ele vendia aquilo pelo barato, comprámos coisas lá e começámos a vender. Vimos que aquilo se vendia bem e depois é que nos começámos a meter neste negócio.

Eu ainda fui ter com um indivíduo meu conhecido e disse-lhe:

- Olhe ó senhor Lopes eu queria mudar de ramo, a mercearia não está a dar nada.

E ele disse-me assim:

- “Então e o senhor Alves queria mudar?”

- Talvez para malhas.

- “E você conhece alguma coisa de malhas?”

Eu assim:

- Não, eu não conheço nada.

E ele disse-me assim:

- “Então olhe, vá-se dando com a mercearia porque a mercearia já conhece e logo que vá dando para viver, vá estando com ela porque se o senhor não conhece nada de malhas vai-se meter num negócio que amanhã tem de fechar a porta e depois vê-se numa aflição maior do que está agora. Porque eu também comprei uma fábrica e depois não lhe soube dar andamento, tive a sorte depois de ter alguém que a comprasse, senão eu hoje estava capaz de estar sem nada. Indo à falência uma pessoa pode ficar sem uma coisa e sem outra.”

Então eu continuei isto até surgir esta coisa da minha mulher ir por este ramo de velharias, foi assim.

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