Toda a minha vida foi aqui. O movimento era grande, havia lá para baixo a Alfândega, havia a Bolsa, havia muitas companhias de seguros, tudo isso movimentava. Essas companhias de seguros e a Alfândega, foram acabando, ou saindo de lá de baixo. Foi uma das coisas que matou o movimento da rua. Havia também a via fluvial. A cidade era abastecida, legumes e essas coisas todas, com o que vinha nos barcos e na Ribeira aquilo era um mercado enorme. Os barcos vinham, desembarcavam na Ribeira com os seus produtos e depois eram transportados em carros de bois. Fazia pena ver os carros de bois a subir a rua Trindade Coelho! Os bichos ajoelhavam, os homens a empurrar os carros, era fantástico. Na época era assim.
Antigamente queria-se qualquer peça de ferro, parafuso, era na Rua do Almada, agora está disperso. Até os principais saíram. O problema do estacionamento, não podem estacionar ali e tal, fugiram para zonas mais fáceis de estacionar.
Antigamente aqui nos Lóios era uma zona em que era quase tudo sapatarias, agora parece que não há nenhuma, ou há só uma de sapatos de criança, mas os Lóios tinha sapatarias magnificas. A Avenida dos Aliados tinha uns cafés grandes, com música. No Monumental tinha uma orquestra, o Guarany também tinha uma orquestra, mas era uma zona de convivência.
Antigamente não se andava de automóvel. O automóvel era para ir para certos pontos. Era a pé que se fazia as deslocações ou de eléctrico, e os eléctricos acabavam todos aqui na praça. A estação agora tem meia dúzia de linhas aqui para o Porto, antigamente todos os comboios vinham para aqui.