Há pouca movimentação na rua. A ourivesaria não é uma necessidade, são clientes que nos procuram mas está tudo em decréscimo. O turismo é só em certas épocas do ano, portanto o nosso cliente que temos que acarinhar é o actual, o nacional.
Na época do turismo aumenta sempre um bocadinho o movimento e depois é o Natal. Ultimamente, com esta crise que está, o Natal quase não se nota, mas antigamente notava-se muito. O Natal era uma época muito boa. As comunhões estão agora em declínio, acho que a festa da comunhão quase que passa despercebida. O casamento também. No casamento há sempre uma peça, ou outra, que o cliente quer dar, mas as comunhões não.
Cada vez tenho menos clientes de longa data, aquelas famílias que nos procuravam, os mais velhos, faleceram, os mais novos não gostam muito do nosso estilo, gostam mais das grandes superfícies, mas ainda há um ou outro que ainda nos procura com assiduidade.
Antigamente houve tempos de muito trabalho mas, também houve uma ou duas crises muito grandes, 1940 e tal e depois houve uma crise de muito trabalho que foi o volfrâmio. Vinham os volframistas por aí abaixo e compravam tudo e qualquer coisa. Os anos 60 foram bons, depois foi época boa, época má, não houve continuidade. Era uma maneira diferente de negociar porque antigamente havia muito cliente, a empregada doméstica e havia o marralhanço. Um par de brincos custava “x” e o cliente queria por menos, nós não vendíamos, depois ele saia e tornava a entrar. Às vezes, era uma manhã inteira para vender um par de brincos, entrava, saía.
Entravam, viam uns brincos, por exemplo, para dar à afilhada, depois ofereciam menos do que o que estava na etiqueta, nós dizíamos que não, eles saiam, iam para outras casas depois ao fim e ao cabo, às vezes, voltavam. Agora o espírito já é outro, os preços estão marcados e é aquilo.