Tenho clientes de várias faixas etárias, de várias nacionalidades, de todas as bolsas e sobretudo senhoras. Mas o cliente fidelizado é aquele que se apercebe da paixão que eu tenho por isto. Isso é o mais importante para mim quando estou a aconselhar ou a ajudar um cliente ou quando estou a mostrar as peças que tenho.
Por isso é uma relação muito íntima. É evidente que tenho que facturar, tenho que pagar as contas, mas a minha preocupação quando estou a atender um cliente não é de todo essa. Não é:

- Eu tenho que facturar mais.

É:

- Eu tenho que servir sempre melhor.

Abrimos em Março, no primeiro verão, houve aqui na Alfândega do Porto um seminário de pediatras. Vinham um pouco de todo o lado e então foi um ano bastante fascinante, porque conhecemos pessoas de vários pontos do mundo, de vários continentes. Foi algo que me agradou logo.

No primeiro ano, tivemos mais turistas do que portugueses. No segundo, continuou a ser mais turistas do que portugueses, apesar de ter aumentado a percentagem de nacionais. Agora, estará um pouco mais equilibrado, mas continuo a achar que ainda são mais estrangeiros. É perfeitamente normal. Não é que me preocupe, porque Roma não se fez em dois dias e uma loja, seja de que for, muito menos uma ourivesaria ou joalharia, também não se faz em dois dias.

Há um laço que se tem que criar com o cliente que é de confiança. Entre um joalheiro e um cliente há uma relação mais íntima. Tem que haver muita confiança, muita seriedade, muita honestidade. Está completamente fora de questão uma relação que não seja assim. É como uma jóia, que demora muito tempo a fazer-se, tem várias fases, vários percursos. Com um cliente é exactamente a mesma coisa. É algo que tem que se ir fazendo, tem que se ir cativando, até ele ganhar confiança em nós. Se ganhar confiança, se nós mantivermos sempre essa postura, que é fundamental, o cliente fica sempre, não muda, nem troca.