O cliente da ourivesaria é o médio/alto, mas que hoje com a crise foi muito afectada. Se fosse classe alta talvez fosse menos afectada, mas era médio/alto, e a classe média foi a que, realmente, foi mais afectada com toda a crise que se tem vindo a desenrolar.

Depois temos clientes já na terceira geração. Perfeitamente fidelizados. E esses deslocam-se, não têm problemas nenhuns a deslocarem-se cá. Às vezes reclamam:

- “A gente vem à baixa por tua causa. Podias mudar daqui.”

Eu ouço há mais de 20 anos que devia sair daqui. Mas não saí por uma razão muito simples. Não saí por causa das minhas tias. Toda a vida tinham morado aqui e se as tirava daqui era a morte delas. Quando quis sair, já estava instalada a crise, já não consegui fazer aquilo que queria. Não faço a menor ideia para onde iria. Ficar por esta zona dependeria do sítio e das condições que queriam. Se é para pôr o comércio reabilitado e manterem um comércio de nível baixo como está a acontecer, não vale a pena ficar aqui na Baixa, nem vale a pena recuperar a Baixa, porque o que se recuperou não trouxe qualidade à Baixa.

Os turistas andam de comboiinho, ou de autocarro, ou vão directos para as caves. Os autocarros vão buscá-los aos hotéis e deixam-nos lá. Poucos andam a pé e não compram, já compraram, mas neste momento não compram. Desde que entrou o euro então foi um caos porque passou a haver paridade. E depois temos o ouro que é português, por um lado é bom, mas eles depois acabam por comprar origem mais barata.