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Ferreiros Joalheiros

O nome da casa é Ferreiros Joalheiros, que a minha mãe é Ferreira pelos dois lados, pela mãe e pelo pai. Portanto, ficou Ferreiros e continuo no ramo Ferreiro. O nome da rua é Rua das Flores, que era Rua Santa Catarina das Flores, e o número da porta 171. Esta loja procura ter peças de qualidade com a preocupação que sejam diferentes, tipo peças únicas. Gosto muito de trabalhar com peças únicas e o que faço é mais ou menos artesanal. Procuro ter coisas artesanais, coisas modificadas e coisas únicas. Não sei se será a linha mais correcta mas é a que sei fazer, embora haja necessidade de ter uma coisa de série.

A concorrência das pedras

A crise também veio diminuir, veio dar uma machadada muito grande no comércio tradicional porque as pessoas procuram comprar galinha gorda por pouco dinheiro, comprar coisinhas a fingir. Eu vendia imensas moldurinhas pequeninas para baptizado, ou para uma criancinha, que não lhe mexi no preço, o preço é o mesmo e deixaram-se de vender. Porquê? Porque as pessoas ainda vão comprar coisas mais baratas do que aquilo. E depois há muita gente que com o desemprego começou a fazer coisas em casa como colares e pulseiras e isso deu cabo de nós. Enquanto nós antes é que tínhamos os colares e as pulseiras, agora com um mercado que entrou de pedras indianas as pessoas com o mínimo de gosto fazem pulseiras, vendem às amigas, as amigas vendem às primas, vendem em feirinhas, vendem aqui e acolá, ou então fazem franchising.

Tempos de maior afluência

Antigamente era completamente diferente. A frequência era diferente. Hoje os centros de emprego estão fora da cidade. Portanto, as pessoas não têm tempo para vir à Baixa. Vão aos centros comerciais. Ou então vêm quando já se reformaram. A faixa etária que trabalha não vem à Baixa. Não têm tempo porque os horários não se compadecem com isso. Porque aos fins-de-semana, à sexta-feira estão prontos para ir para a segunda habitação ou para ir passar o fim-de-semana fora. Porque trabalham intensamente a semana toda, portanto, o que querem é sair da cidade. Antes o sábado era sempre um sábado muito movimentado. Hoje o sábado, às vezes, não entra ninguém. Os hábitos criaram-se, toda a maneira de se estar na vida é completamente diferente. Como adaptar o comércio tradicional a isso eu não faço a menor ideia como será feito.

Nessa altura com mais afluência havia a minha tia, eu, havia o meu primo e todos trabalhávamos. E havia um outro empregado. Havia trabalho para toda a gente. Era completamente diferente. Portanto, a ourivesaria era essencialmente artesanal. Recorria-se ao cravador ou ao cinzelador, tudo isso que hoje é feito de uma maneira industrializada porque se industrializou a própria ourivesaria. Hoje há um ou dois artesãos que fazem uma série de coisas mas de uma maneira geral, o que há e o que resiste só resiste a nível industrial.

Ainda fiz uma campanha para Lisboa. Tive clientes em Lisboa que deixaram de vir ao Porto porque depois também se criaram mais coisas lá. Mas tinha muita clientela. E não tenho mais porque não tenho tempo para ir a Lisboa. Estive em dois hotéis, de resto nunca fiz muita publicidade porque depois começa a encarecer.

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