Lembro-me perfeitamente desta rua, porque como o meu pai trabalhava aqui na Baixa, eu vinha muitas vezes tanto com ele como com a minha mãe aqui a um armazém que já não existe, que eram os Armazéns Pedrosa.
Aqui da Rua das Flores, lembro-me basicamente das ourivesarias e dos armazéns.
Antes de ficar desempregada, já tinha pensado num projecto deste género.
Como é óbvio para ter um projecto como este, a pessoa tem de estar à frente do mesmo, ou seja, o objectivo não era abrir uma loja como esta e contratar alguém para estar aqui, porque é completamente diferente. Eu nessa altura já tinha pensado na Rua das Flores e foi uma coincidência enorme ter surgido esta oportunidade precisamente no sítio onde eu gostaria que ele fosse concretizado. Se calhar é o destino.
Na rua das Flores, acho que faz falta recuperar o que está por recuperar.
Sinceramente eu acho que a rua tem todos os ingredientes para ser uma rua com muito movimento, uma Santa Catarina digamos assim, se houvesse mais oferta.
Vai nascer aqui um hotel que acho que com certeza vai dinamizar muito esta zona, mas há aí tantas lojas fechadas, tantas coisas degradadas, acho que esse era o primeiro passo.
A rua é um bocado caótica em termos de trânsito é o único aspecto que eu tenho a apontar, porque eu acho que esta rua é fantástica, mais do que outra rua. Por exemplo se eu tivesse oportunidade de estar em Santa Catarina, eu nunca trocaria, nunca deixaria de estar aqui para ir para Santa Catarina e no entanto tem outro tipo de movimento, tem sempre milhares de gente a passar, mas acho que não se enquadra, acho que não tem a ver.
Esta rua é muito mais emblemática, é muito mais bonita até. Esta rua está no meu imaginário por isso acho que se calhar também é por isso, é por aí que eu gosto tanto desta rua.
Se a rua fosse pedonal se calhar ia ter mais movimento, agora não sei por onde é que iriam escoar este movimento todo porque o Porto é uma cidade labiríntica. A questão é que por aqui passam os autocarros, passam as ambulâncias é constantemente, o dia todo.
Não conheço muito bem as lojas que existem na rua. Mas eu sei que existe uma farmácia, um armazém de atoalhados do estilo do meu pai, as ourivesarias, uma casa de bijutaria, uma casa de artesanato, uma livraria acho eu, portanto sei mais ou menos os serviços que existem. Mas acho importante e gostava de conhecer os comerciantes todos, alguns já vieram aqui, alguns já se apresentaram e já compraram aqui algumas coisas, mas a verdade é que não conheço todos.
Se calhar se mudássemos os horários das lojas, as coisas também funcionavam de maneira diferente. Se as lojas funcionassem até mais tarde as pessoas que trabalham fora viriam às compras, se calhar passa por aí.
Funcionarem por turnos ou mudarem os horários de maneira a abranger todos os horários das pessoas que entram às nove horas, que querem fazer compras, até às pessoas que depois de trabalhar querem vir aqui e como não têm possibilidade vão para o shopping, porque no shopping temos todas as facilidades até bem tarde.
Mas isso aí já é uma mudança muito, muito grande.
Eu sei que é uma coisa muito difícil de fazer, mas pelo menos ao sábado, eu costumo estar aqui. Quando estava a trabalhar de segunda a sexta normalmente só ao sábado é que tinha tempo para fazer compras. Portanto só a manhã de sábado não chega, as pessoas dão duas voltas e a manhã acaba. Se calhar se também estivessem abertos ao sábado à tarde, também se dinamizava um pouco mais.