Nasci e vivi no Porto. Há uma dúzia de anos que estou a viver em Gondomar. Nasci, estudei, comecei a trabalhar, casei, tudo cá no Porto, na cidade do Porto. E gosto. Sempre trabalhei aqui nesta zona. O meu avô tinha um estabelecimento comercial aqui na Rua dos Caldeireiros, portanto, eu venho para aqui desde muito pequenino, 3, 4 anos. Conheço muita gente há muitos anos. Vi aquilo que isto era e o que é. A transformação que teve.
Eu acho que as entidades oficiais também são bastante responsáveis pela desertificação das cidades. Toda a gente fala na família e em dar condições de vida e estão sempre a retirar. Uma grande dificuldade que existe aqui na cidade do Porto, principalmente na Baixa, é o estacionamento. Em vez de terem estacionamento à superfície, têm-no retirado. Normalmente os clientes queixam-se que não têm sítios onde estacionar o carro.
As entidades oficiais dizem:
- “Ai, têm parques.”
Mas o parque é a pagar e os parques são caros. Inclusivamente os estrangeiros que temos aqui muita vez ao fim de semana, mesmo os espanhóis e tudo, dizem que o parque é caro. Tem que existir alternativa. É o caso de Carlos Alberto. Tinha muito estacionamento à superfície e agora não tem.
Se uma pessoa for fazer compras, vier ao comércio tradicional que é muito melhor atendido, com muito mais atenção, com mais carinho, tem um sítio para estacionar o carro. Se não tiver lugar à superfície, então, sim senhor, põe o carro no parque.
O próprio eléctrico, o horário de funcionamento também está mal, acaba às 19h. E as pessoas que trabalham? Deviam ter mais respeito por elas, deviam dar-lhes outra facilidade de transporte. Nesse aspecto, há pessoas que provavelmente viverão cá na cidade e utilizavam o eléctrico. O último a sair às 19h também não dá para as pessoas que trabalham. São essas coisas todas que deviam ser mais bem estudadas, mais bem conversadas.
As pessoas têm que ver qualquer coisa a aparecer. Há aí dois ou três prédios recuperados aqui em cima, já naquela parte pedonal e pouco mais. Parecia que ia mexer, mas depois já não mexeu com aquela vontade que se desejava. No entanto, vem aqui muita gente perguntar se há andares para alugar.
Ainda este fim-de-semana vieram perguntar se tinha andares para alugar. Vê-se muita gente jovem, muita gente jovem a procurar, o que é claro, depois começam:
- “Ah, e depois para parar o carro.”
Parar o carro aqui. E garagem? Garagem ou tem na estação de São Bento o estacionamento ou então no Mercado Ferreira Borges. É a única hipótese.
Também não concordo com aquilo que foi feito na Praça da Liberdade. A Praça da Liberdade parece o
prolongamento da Avenida dos Aliados. Eu no outro dia tive muita dificuldade para explicar a uns italianos onde é que era a Praça. Ele dizia que era a Avenida e eu dizia que não. Fui mostrar-lhe a placa.
Fui dizer assim:
- Não, isto aqui é a Praça da Liberdade.
Ele dizia que era tudo recto.
- Pois é tudo recto, mas olha que é que eu faço? Está assim feito.
Uma coisa muito engraçada: a Praça General Humberto Delgado tem a estátua Almeida Garrett. A praça de Almeida Garrett, que é em frente à estação de São Bento, não tem nada. O General Humberto Delgado está na Praça Carlos Alberto. Isto é complicado de falar já a portugueses e quanto mais a estrangeiros.
Acho que nós não temos os jardins aproveitados. O jardim da Cordoaria, a requalificação acho que não ficou muito bem. Os nossos jardins são pontos de encontro, mas podiam ser muito mais. Podia-se aproveitar o jardim para arranjar um recinto desportivo. Nem que as pessoas de idade fossem para lá na mesma e vissem os mais novos a jogar à bola. Ou fazer campos de voleibol, andebol, basquete, futebol, pronto tentar por ali, porque na Cordoaria vê-se ali meia dúzia de pessoas. Acho que não tem jeito