Este prédio era unicamente farmácia, neste sítio. O meu avô, em 1974-1975, fez a renovação do prédio. Nessa altura, houve umas certas libertinagens e houve coisas que desapareceram. Nós, memórias, digamos do 25 de Abril para trás, não temos nada. Portanto, não temos rigorosamente história para trás. Só connosco. Fala-se que foi o arquitecto que fez o projecto que ficou com muita coisa, mesmo até a nível de mobiliário, coisas que tínhamos e tudo.
Fisicamente agora é moderno. Temos um prédio com três andares e com elevador. Isto em 1975 foi uma inovação muito grande. Provavelmente hoje não deixavam fazer. Um elevador, três andares, provavelmente não era necessário. Antigamente isto era uma casa também com gradeamento à frente e era como uma farmácia antiga como há no Museu da Farmácia, em Lisboa, na Associação Nacional de Farmácias. O mobiliário era sobre o branco, o lacado. Aqueles armários grandes, vidros até ao tecto. As pessoas chegavam, tinham, digamos, uma divisória com uma grade. As pessoas ficam ali e a pessoa atendia. A noção de balcão era diferente. Havia mais uma separação, digamos, do público e da parte da loja em si.
Sempre foi uma farmácia de bairro. Temos muitas pessoas que vêm aqui fazer, não é bem tertúlia, mas vêm-nos visitar. Temos aqui clientes que vêm cá todos os dias, cumprimentar-nos, sentam um bocadinho, medir as tenções e pronto é isto. Sempre foi assim. E há clientes que se lembram da farmácia antiga também. Mais ou menos aquilo que eu estou a contar. Os móveis altos, tudo branco, ao centro, uma pessoa depois punha lá o dinheiro. Mas basicamente era isto.