Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Os produtos que se vendiam antigamente são os mesmos de hoje.

Unicamente vamos acompanhando a evolução dos tempos e temos que nos modernizar dentro daquilo que é possível. O ramo é mais ou menos o mesmo, só que às vezes com novos artigos, porque antigamente vendiam-se produtos que hoje não há procura, não há venda.

“Há muita coisa que desapareceu”

Um artigo muito concreto, havia umas armadilhas, umas ratoeiras para apanhar pardais, que todos nós jovens utilizávamos nos tempos livres. O nosso passatempo era andar a apanhar pardais. Hoje isso quase que desapareceu. Ainda existe, mas não há procura. Os jovens sabem melhor do que eu onde é que passam o tempo. Não vão passar o tempo a andar a apanhar pardais.

Antigamente, quando começavam as escolas, vendia-se aos milhares e milhares de piões para jogar o pião. Nós ainda hoje vendemos piões, mas não é a mesma coisa do que era antigamente. Onde é que hoje o jovem tem possibilidades para ter espaços livres para nos seus passatempos andar a jogar um pião? Ainda se vendem os piões, mas é para zonas como Trás-os-Montes, Beira Alta, Beira Baixa, porque nas grandes cidades isso já não se usa.

Estou a lembrar-me que antigamente, por exemplo, vendia-se aos milhares pincéis para a barba. Ainda há uns senhores que utilizam em casa um pincel, mas hoje não se usa o pincel da barba. Antigamente vendia-se isso aos milhares, milhares… E navalhas para fazer a barba? Nós fomos uma casa especializada, na venda de navalhas de barba.

Há essas alterações dos tempos, as modernizações, o que é compreensível.

Nós não podemos parar no espaço. Se paramos no espaço, então Deus me livre! Estávamos bem arranjados.

De vez em quando, lá aparece um produto novo que é introduzido, mas dentro do mesmo ramo. Não deixam de ser ligados às ferragens e ferramentas. Tanto que nós antigamente especializávamo-nos em talheres.
E fazíamos uma propaganda na rádio, na Voz dos Ridículos e outras mais do género, que até diziam assim: «A marca do seu talher é Moriber». Hoje ainda temos talheres, mas já não nos especializamos porque a procura é diferente.

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